Tropa de Elite superou minhas expectativas, fato totalmente previsível. O filme já era sucesso antes mesmo de ser estreado. Retratou a realidade da Vila Cruzeiro para cerca de 11,5 milhões de espectadores que, de alguma forma incentivados pelo nosso Ministro da Cultura, assistiram ao filme através de DVDs pirateados. Sim, segundo Gil, "a pirataria é uma forma democrática de disseminação da cultura". O investimento e o trabalho árduo dos produtores, diretores e atores são irrelevantes! Palmas para o nosso Ministro, grande homem de cultura esse.
Em relação às minhas expectativas, o que mais me chamou atenção no filme foi a conveniente frase declamada por Wagner Moura:"O policial tem três escolhas: ou ele se corrompe, ou se omite ou vai para a guerra". Tal frase me chamou atenção não pelo contexto a que estava aplicada, e sim pelo âmbito racional que ela particularmente me apresentou .
Essa frase é aplicável a qualquer ser-humano aberto à reflexões. Todos nós, frente a qualquer escolha que façamos, nos deparamos com tal dilema. Ou nos corrompemos- o que seria a forma mais rápida e por si menos maçante(a qual não dependeria de qualquer esforço intelectual); ou nos omitimos- dissimulamos nossa preocupação face a uma atitude, já que dessa forma não teríamos também qualquer desgaste; ou então nos armamos e vamos à guerra - forma que depende quase exclusivamente da nossa vontade própria, do nosso otimismo e da crença em nossos valores.
Muitos dos críticos esquerdistas subestimaram a produção de Padilha não porque a tortura escancarada dos militares do BOPE os intimidaram, mas sim pois, segundo eles, a "questão social" é a justificativa para a criminalidade e o tráfico que a acerca. Ou seja, para eles, a favela é simplesmente uma conseqüência imposta pela antagônica relação entre dominadores e dominados, presentes concomitantemente em uma sociedade capitalista.
O buraco é mais embaixo. E o buraco sempre converge à mesma fonte : EDUCAÇÃO. A falta de escolaridade, a falta de uma educação de qualidade gera um déficit na formação dos brasileiros que não têm condições de financiar uma educação digna. E assim, se rendem a um mundo arriscado porém bastante lucrativo, cujos principais financiadores são- ironicamente - aqueles que possuem um nivel de formação excelente.
O que estimula as pessoas a se fardarem e "irem à guerra" é, sem sombra de dúvidas, o grau de formação que elas têm. Uma educação de excelência é aquela que forma um cidadão de valores, aquela que incita os estudantes a se superarem, os estimula a serem cada vez melhores.
Nosso país necessita de uma reforma educacional IMEDIATAMENTE. Não somente aqueles que moram nas periferias, mas principalmente aqueles jovens de classe média-alta necessitam de uma reciclagem em suas educações.
Ministro Gilberto, que tal dar o exemplo?
Nossos políticos, mais que nunca, necessitam de tal reciclagem, tal é a falta de valores que os rodeiam.
terça-feira, 16 de outubro de 2007
domingo, 7 de outubro de 2007
Capitalismo limitado?
Se eu tivesse que escolher a ordem mais apropriada para um sistema econômico, certamente tenderia ao capitalista. Não querendo subestimar a genialidade de Marx, mas a sua idéia dificilmente encontraria êxito se fosse implementada em sua essência. Isso porque, a meu ver, o ser humano é, naturalmente, ganancioso. E o sistema capitalista, por meio da crescente concorrência que o acerca, proporciona espaço para os ambiciosos, ainda que alguns invadam tal espaço de forma inapropriada. E é aí que o Capitalismo peca.
Os países capitalistas centrais – os mais desenvolvidos - há pouco encontraram uma forma por demais intrigante para amenizar suas emissões de greenhouse gases. As reduções certificadas de emissões(RCEs), vulgarmente conhecidas como créditos de carbono, são créditos que principalmente os países em desenvolvimento proporcionam, gerados a partir de significativas reduções de gases poluidores lançados em sua atmosfera.
(Os créditos foram propostos no projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo(MDL), que é um dispositivo do Protocolo de Quioto o qual permite que países em desenvolvimento implementem projetos para reduzir emissões de carbono, e assim auxiliar os países ricos(presentes no Anexo 1 do Protocolo) em sua meta de reduzir pelo menos 5% das suas emissões de 1990 entre 2008 e 2012.)
Eu acredito que as intenções propostas pelo projeto de MDL – que, aliás, foi desenvolvido por um pesquisador brasileiro – sejam as melhores possíveis. Entretanto, voltando à discussão do capitalismo, acho que tal projeto se desfoca do desafio principal do Protocolo de Quioto, uma vez que o objetivo central está na redução de gases na atmosfera; e não na geração de lucros devido a venda de créditos.
A questão do aquecimento global é substancialmente mais relevante que o mercado de créditos. A meta do Protocolo de Quito é conscientizar sobre o problema da poluição global e incitar a redução das emissões NOS PAÍSES DESENVOLVIDOS. E o que vemos? Os países em desenvolvimento, em particular o Brasil, abrindo mão da possibilidade de fomentar sua produção industrial – já que tem condições “ambientais” para isso – para vender toneladas evitadas de carbono aos países que, imprudentemente, não se sensibilizam com a consciência ambiental, e continuam a emitir seus gases a fim de desenvolver ainda mais suas Indústrias.
Não nego que os países em desenvolvimento serão também beneficiados, pois os projetos envolvendo energias alternativas farão com que nossa infra-estrutura se qualifique, além, é claro, dos lucros provenientes da venda dos créditos, que obviamente também é positivo para nossa economia. Sei de tudo isso. Mas ainda acho que, dessa forma, a participação dos países centrais na corrida em prol de um ambiente menos poluente é ridiculamente simbólica. E isso me irrita profundamente.
O capitalismo, assim, ignora totalmente a conscientização ambiental para subsistir em sua incessante luta a favor dos lucros. Isso ocorre devido à qualidade ilimitada que possui tal ideologia.
Não há, portanto, sistema que se encaixe perfeitamente ao Cenário Internacional. O capitalismo o seria, caso fosse, de alguma forma, limitado.
Que audácia a minha achar que o capitalismo é limitável. Capitalismo limitado já não seria mais Capitalismo. E entre capitalismo e não-capitalismo, fico com o primeiro, obrigada.
Que as nossas ambições sejam protegidas. E que a nossa consciência não se esconda.
Os países capitalistas centrais – os mais desenvolvidos - há pouco encontraram uma forma por demais intrigante para amenizar suas emissões de greenhouse gases. As reduções certificadas de emissões(RCEs), vulgarmente conhecidas como créditos de carbono, são créditos que principalmente os países em desenvolvimento proporcionam, gerados a partir de significativas reduções de gases poluidores lançados em sua atmosfera.
(Os créditos foram propostos no projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo(MDL), que é um dispositivo do Protocolo de Quioto o qual permite que países em desenvolvimento implementem projetos para reduzir emissões de carbono, e assim auxiliar os países ricos(presentes no Anexo 1 do Protocolo) em sua meta de reduzir pelo menos 5% das suas emissões de 1990 entre 2008 e 2012.)
Eu acredito que as intenções propostas pelo projeto de MDL – que, aliás, foi desenvolvido por um pesquisador brasileiro – sejam as melhores possíveis. Entretanto, voltando à discussão do capitalismo, acho que tal projeto se desfoca do desafio principal do Protocolo de Quioto, uma vez que o objetivo central está na redução de gases na atmosfera; e não na geração de lucros devido a venda de créditos.
A questão do aquecimento global é substancialmente mais relevante que o mercado de créditos. A meta do Protocolo de Quito é conscientizar sobre o problema da poluição global e incitar a redução das emissões NOS PAÍSES DESENVOLVIDOS. E o que vemos? Os países em desenvolvimento, em particular o Brasil, abrindo mão da possibilidade de fomentar sua produção industrial – já que tem condições “ambientais” para isso – para vender toneladas evitadas de carbono aos países que, imprudentemente, não se sensibilizam com a consciência ambiental, e continuam a emitir seus gases a fim de desenvolver ainda mais suas Indústrias.
Não nego que os países em desenvolvimento serão também beneficiados, pois os projetos envolvendo energias alternativas farão com que nossa infra-estrutura se qualifique, além, é claro, dos lucros provenientes da venda dos créditos, que obviamente também é positivo para nossa economia. Sei de tudo isso. Mas ainda acho que, dessa forma, a participação dos países centrais na corrida em prol de um ambiente menos poluente é ridiculamente simbólica. E isso me irrita profundamente.
O capitalismo, assim, ignora totalmente a conscientização ambiental para subsistir em sua incessante luta a favor dos lucros. Isso ocorre devido à qualidade ilimitada que possui tal ideologia.
Não há, portanto, sistema que se encaixe perfeitamente ao Cenário Internacional. O capitalismo o seria, caso fosse, de alguma forma, limitado.
Que audácia a minha achar que o capitalismo é limitável. Capitalismo limitado já não seria mais Capitalismo. E entre capitalismo e não-capitalismo, fico com o primeiro, obrigada.
Que as nossas ambições sejam protegidas. E que a nossa consciência não se esconda.
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