domingo, 7 de outubro de 2007

Capitalismo limitado?

Se eu tivesse que escolher a ordem mais apropriada para um sistema econômico, certamente tenderia ao capitalista. Não querendo subestimar a genialidade de Marx, mas a sua idéia dificilmente encontraria êxito se fosse implementada em sua essência. Isso porque, a meu ver, o ser humano é, naturalmente, ganancioso. E o sistema capitalista, por meio da crescente concorrência que o acerca, proporciona espaço para os ambiciosos, ainda que alguns invadam tal espaço de forma inapropriada. E é aí que o Capitalismo peca.

Os países capitalistas centrais – os mais desenvolvidos - há pouco encontraram uma forma por demais intrigante para amenizar suas emissões de greenhouse gases. As reduções certificadas de emissões(RCEs), vulgarmente conhecidas como créditos de carbono, são créditos que principalmente os países em desenvolvimento proporcionam, gerados a partir de significativas reduções de gases poluidores lançados em sua atmosfera.

(Os créditos foram propostos no projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo(MDL), que é um dispositivo do Protocolo de Quioto o qual permite que países em desenvolvimento implementem projetos para reduzir emissões de carbono, e assim auxiliar os países ricos(presentes no Anexo 1 do Protocolo) em sua meta de reduzir pelo menos 5% das suas emissões de 1990 entre 2008 e 2012.)

Eu acredito que as intenções propostas pelo projeto de MDL – que, aliás, foi desenvolvido por um pesquisador brasileiro – sejam as melhores possíveis. Entretanto, voltando à discussão do capitalismo, acho que tal projeto se desfoca do desafio principal do Protocolo de Quioto, uma vez que o objetivo central está na redução de gases na atmosfera; e não na geração de lucros devido a venda de créditos.

A questão do aquecimento global é substancialmente mais relevante que o mercado de créditos. A meta do Protocolo de Quito é conscientizar sobre o problema da poluição global e incitar a redução das emissões NOS PAÍSES DESENVOLVIDOS. E o que vemos? Os países em desenvolvimento, em particular o Brasil, abrindo mão da possibilidade de fomentar sua produção industrial – já que tem condições “ambientais” para isso – para vender toneladas evitadas de carbono aos países que, imprudentemente, não se sensibilizam com a consciência ambiental, e continuam a emitir seus gases a fim de desenvolver ainda mais suas Indústrias.

Não nego que os países em desenvolvimento serão também beneficiados, pois os projetos envolvendo energias alternativas farão com que nossa infra-estrutura se qualifique, além, é claro, dos lucros provenientes da venda dos créditos, que obviamente também é positivo para nossa economia. Sei de tudo isso. Mas ainda acho que, dessa forma, a participação dos países centrais na corrida em prol de um ambiente menos poluente é ridiculamente simbólica. E isso me irrita profundamente.

O capitalismo, assim, ignora totalmente a conscientização ambiental para subsistir em sua incessante luta a favor dos lucros. Isso ocorre devido à qualidade ilimitada que possui tal ideologia.

Não há, portanto, sistema que se encaixe perfeitamente ao Cenário Internacional. O capitalismo o seria, caso fosse, de alguma forma, limitado.
Que audácia a minha achar que o capitalismo é limitável. Capitalismo limitado já não seria mais Capitalismo. E entre capitalismo e não-capitalismo, fico com o primeiro, obrigada.

Que as nossas ambições sejam protegidas. E que a nossa consciência não se esconda.

Nenhum comentário: